Todas as vezes que o período eleitoral se aproxima surgem os pretensos candidatos a algum cargo eletivo. São feitas promessas, selados acordos e levantadas bandeiras sobre os mais diversos assuntos, porém notamos que nenhum desses compromissos, ou bandeiras defendidas, dizem respeito ao trânsito e a segurança viária.
O trânsito é uma das
principais causas de morte e sequelamento em nosso país, a cada final de semana
os hospitais se abarrotam de vitimas de acidentes, principalmente os que
envolvem motocicletas, todavia o assunto é relegado a segundo plano por não ser
garantia de voto imediato.
Segundo dados
preliminares do Observatório Nacional de Segurança Viária o número de óbitos em
2014 decorrentes de acidentes de trânsito ultrapassou a marca de 43.000,
enquanto o número de pessoas que foram acometidas por invalidez permanente já
chegava a 600.000 casos.
No Brasil morrem mais
pessoas por acidente de trânsito que por homicídios, de acordo com site da
revista VEJA, no ano de 2011 morreram 58.134 pessoas por acidentes de trânsito
e 52.198 por homicídios, sendo que os números referentes a acidentes podem ser
ainda maiores que os divulgados, haja vista o fato de não existir nenhuma
articulação entre os entes federados que possibilite a obtenção de números que
cheguem mais próximo da realidade.
Os acidentes de
trânsito já se constituem num grave problema para o Ministério da Saúde, pois o
SUS está cada vez mais onerado devido ao número de leitos ocupados pelas
vítimas de incidentes veiculares.
A incapacidade de
absorver a demanda ocasiona sérios problemas no interior dos hospitais
brasileiros, já que diversas cirurgias eletivas acabam sendo proteladas e
equipes médicas são sobrecarregadas devido ao excessivo número de sinistros
registrados diariamente.
O SUS não é o único
onerado pelo problema do trânsito, o problema já atinge também a previdência
social, que vem sofrendo cada vez mais com o número de beneficiários que adquirem
invalidez permanente, segundo informações divulgadas no portal do trânsito os
valores despendidos com as vitimas de acidentes de
trânsito chega a 40 bilhões de reais por ano.
Pelo exposto acima
percebemos que temos um problema social que interfere diretamente em duas
importantes pastas, previdência social e saúde, isso porque não citamos os
problemas de infraestrutura, onde o Governo Federal estimula cada vez mais a
compra de veículos, mas não investe suficientemente no melhoramento da malha
viária.
A violência no
trânsito é um problema “interministerial” que tem acarretado sérios problemas
ao povo brasileiro, já que o número de acidentes a cada ano só aumenta, por
isso o tema deve ser pauta de toda campanha eleitoral.
Os candidatos à presidência da República não são
os únicos que deixam o trânsito passar “batido”, mas todos os candidatos às
vagas eletivas, em qualquer esfera, também não apresentam nenhuma proposta no
sentido de reduzir os índices assustadores de acidentes veiculares no Brasil.
O trânsito brasileiro
mata mais que muitas guerras, infelizmente nossos representantes estão adormecidos
e nossas políticas públicas voltadas a este importante assunto não são tratadas
como prioridades.
Se quisermos
realmente mudar a estatística negativa decorrente da violência no trânsito se
faz necessário um maior comprometimento dos nossos representantes legais, a
bandeira do trânsito deve ser erguida e defendida por uma bancada nas casas
legislativas e o cumprimento da legislação deve ser garantido pelo poder
executivo, tanto na disponibilização de recursos para a implementação de
projetos voltados à educação e a segurança, como na fiscalização dos mesmos.
Entre as medidas inerentes
ao poder executivo está à necessidade de reestruturação do Departamento
Nacional de Trânsito, que não pode ser visto como um mero setor vinculado ao
Ministério das Cidades, mas precisa ter autonomia administrativa financeira
para ter condições objetivas de articular os demais integrantes do Sistema
Nacional de Trânsito e cobrar de cada um a devida execução de suas atribuições
legais.
Esperamos que nesse
ano em que a política tem sido a tônica, todas as esferas governamentais,
juntamente com as casas legislativas, percebam o problema da violência no
trânsito e se sensibilizem na busca de ações que diminuam o atual estado de
“barbárie” que põe em risco a incolumidade de milhões de brasileiros.
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