terça-feira, 5 de julho de 2016

O Trânsito fica sempre de fora



Todas as vezes que o período eleitoral se aproxima surgem os pretensos candidatos a algum cargo eletivo. São feitas promessas, selados acordos e levantadas bandeiras sobre os mais diversos assuntos, porém notamos que nenhum desses compromissos, ou bandeiras defendidas, dizem respeito ao trânsito e a segurança viária.

O trânsito é uma das principais causas de morte e sequelamento em nosso país, a cada final de semana os hospitais se abarrotam de vitimas de acidentes, principalmente os que envolvem motocicletas, todavia o assunto é relegado a segundo plano por não ser garantia de voto imediato.

Segundo dados preliminares do Observatório Nacional de Segurança Viária o número de óbitos em 2014 decorrentes de acidentes de trânsito ultrapassou a marca de 43.000, enquanto o número de pessoas que foram acometidas por invalidez permanente já chegava a 600.000 casos.

No Brasil morrem mais pessoas por acidente de trânsito que por homicídios, de acordo com site da revista VEJA, no ano de 2011 morreram 58.134 pessoas por acidentes de trânsito e 52.198 por homicídios, sendo que os números referentes a acidentes podem ser ainda maiores que os divulgados, haja vista o fato de não existir nenhuma articulação entre os entes federados que possibilite a obtenção de números que cheguem mais próximo da realidade.

Os acidentes de trânsito já se constituem num grave problema para o Ministério da Saúde, pois o SUS está cada vez mais onerado devido ao número de leitos ocupados pelas vítimas de incidentes veiculares.

A incapacidade de absorver a demanda ocasiona sérios problemas no interior dos hospitais brasileiros, já que diversas cirurgias eletivas acabam sendo proteladas e equipes médicas são sobrecarregadas devido ao excessivo número de sinistros registrados diariamente.

O SUS não é o único onerado pelo problema do trânsito, o problema já atinge também a previdência social, que vem sofrendo cada vez mais com o número de beneficiários que adquirem invalidez permanente, segundo informações divulgadas no portal do trânsito os valores despendidos com as vitimas de acidentes de trânsito chega a 40 bilhões de reais por ano.

Pelo exposto acima percebemos que temos um problema social que interfere diretamente em duas importantes pastas, previdência social e saúde, isso porque não citamos os problemas de infraestrutura, onde o Governo Federal estimula cada vez mais a compra de veículos, mas não investe suficientemente no melhoramento da malha viária.

A violência no trânsito é um problema “interministerial” que tem acarretado sérios problemas ao povo brasileiro, já que o número de acidentes a cada ano só aumenta, por isso o tema deve ser pauta de toda campanha eleitoral.

 Os candidatos à presidência da República não são os únicos que deixam o trânsito passar “batido”, mas todos os candidatos às vagas eletivas, em qualquer esfera, também não apresentam nenhuma proposta no sentido de reduzir os índices assustadores de acidentes veiculares no Brasil.

O trânsito brasileiro mata mais que muitas guerras, infelizmente nossos representantes estão adormecidos e nossas políticas públicas voltadas a este importante assunto não são tratadas como prioridades.

Se quisermos realmente mudar a estatística negativa decorrente da violência no trânsito se faz necessário um maior comprometimento dos nossos representantes legais, a bandeira do trânsito deve ser erguida e defendida por uma bancada nas casas legislativas e o cumprimento da legislação deve ser garantido pelo poder executivo, tanto na disponibilização de recursos para a implementação de projetos voltados à educação e a segurança, como na fiscalização dos mesmos.

Entre as medidas inerentes ao poder executivo está à necessidade de reestruturação do Departamento Nacional de Trânsito, que não pode ser visto como um mero setor vinculado ao Ministério das Cidades, mas precisa ter autonomia administrativa financeira para ter condições objetivas de articular os demais integrantes do Sistema Nacional de Trânsito e cobrar de cada um a devida execução de suas atribuições legais.

Esperamos que nesse ano em que a política tem sido a tônica, todas as esferas governamentais, juntamente com as casas legislativas, percebam o problema da violência no trânsito e se sensibilizem na busca de ações que diminuam o atual estado de “barbárie” que põe em risco a incolumidade de milhões de brasileiros.

   

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