terça-feira, 5 de julho de 2016

Dirija como uma mulher



Todo homem já pronunciou em alguma roda de amigos os humorados ditados “mulher ao volante, perigo constante”, “mulher nasceu pra pilotar fogão”, ou já tirou sarro de alguém que dirige mal dizendo “Você dirige como uma mulher”. O comentário advém da ideia que as mulheres são péssimas condutoras, que atrapalham o trânsito e dirigem devagar por não possuírem habilidades necessárias às manobras rápidas.

           A cultura machista, que afirma que trânsito é coisa de homem, afastou por muito tempo as mulheres da condução de veículos, porém, essa realidade vem sendo transformada e cada vez mais percebemos mulheres inseridas em nosso trânsito, agora não mais como figurantes e sim como protagonistas, participando dinamicamente do tráfego veicular em nossas ruas e avenidas.

          As mulheres veem no trânsito mais uma possibilidade de emancipação, já que ao aprenderem a dirigir não dependem mais do sexo masculino para conduzi-las aos locais que desejam ir. Essa busca de independência fez com que um grande número de mulheres buscasse as autoescolas para aprenderem a dirigir e tirarem a habilitação.

 Ao analisarmos dados estatísticos percebemos que as mulheres superam os homens no quesito educação e segurança no trânsito, pois as mesmas conseguem assimilar a essência dos conteúdos das aulas teóricas e aplicá-las na prática, não só nas aulas, mas durante toda a vida. As mulheres são proativas, ou seja, preveem os problemas e agem de forma eficiente a fim de evitá-los ou amenizá-los, essa proatividade no trânsito garante a segurança e minimiza possíveis problemas.

        As mulheres são cuidadosas, respeitam os limites de velocidade e os demais dispositivos de sinalização, pois sabem que o desrespeito a estes dispositivos podem causar sérios danos a si e aos outros.

       Enquanto as mulheres cercam-se todos os cuidados para minimizar ao máximo a possibilidade de acidentes, os homens abusam da velocidade, desrespeitam a sinalização e tratam as vias como arenas romanas, maximizando o risco de acidentes e o número de mortos no trânsito.
          A antítese entre as duas condutas causam resultados fáceis de serem vislumbrados, de acordo com as estatísticas disponíveis no site do DETRAN/SE, em 2015 o número de acidentes envolvendo condutores do sexo masculino chegou a 2.381 enquanto que as mulheres envolveram-se em apenas 368.

             O público masculino justifica a desproporção afirmando que são em maior número no trânsito e por isso envolvem-se em uma maior quantidade de acidentes, porém quando analisamos a base de dados do DETRAN/ SE referente a habilitados na categoria “B” percebemos que do universo de 191.770 condutores cadastrados em Sergipe até dezembro de 2015, 54,28% são homens e 45,71% são mulheres, enquanto que a porcentagem referente a acidentes de trânsito apontam que do universo de 2749 acidentes de trânsito ocorridos anos passado, apenas 13,38% evolveram mulheres na condução dos veículos.

      A estatística deixa clara que a proatividade feminina no trânsito, criticada pelos homens, diminui o número de acidentes e garante um trânsito mais humano e seguro; os condutores do sexo masculino se julgam heróis, entretanto quando adotam atitudes que desrespeitam a legislação de trânsito, atuam como vilões responsáveis pela barbárie que vivemos no trânsito.

      Faz-se necessária uma mudança de comportamento, onde as pessoas entendam que o trânsito não é uma guerra e que o condutor do veículo ao lado não é seu oponente e sim seu semelhante, um ser que deixou uma família em casa aguardando sua volta.

Por um trânsito mais humano e gentil conclamamos: Homens, quando estiverem conduzindo um veículo, dirijam como uma mulher.

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